Bem mais rápida que das vezes anteriores, por causa do afastamento judicial das principais peças da oposição, a sessão desta 2.a feira 15 da Câmara de Jaú foi marcada por comentários enfurecidos de um lado e por ironias de outro. Entre os raivosos estavam vereadores não afastados das funções, mas no foco das investigações da Operação Terra Roxa do MP e Gaeco, desencadeada na 6.a feira 5; os irônicos foram aqueles da base aliada ao prefeito que não foram atingidos pelas buscas e apreensões.
Apesar de tudo, o que se viu foram vereadores cautelosos com as falas, até porque tudo ainda está sob segredo de Justiça, como muito bem lembrou Carlos Alberto Lampião. Mas ele não deixou de ser irônico ao se referir veladamente ao vereador José Carlos Borgo, afastado das funções, ao dizer: “Cadê os apartes toda vez que eu ia falar? Tô sentindo falta dos apartes!” Fernando Toledo, que é da base e está sendo investigado, afirmou que se ficar provada alguma culpa dele, deixa a Câmara “na hora; palavra empenhada”.
Tito Coló foi outro da base que está entre os investigados e que foi para a tribuna sorridente, apresentou uma galera de apoiadores levados para aplaudi-lo, mas passou a gritar no instante seguinte e ficou literalmente roxo ao falar da operação do Gaeco. “Estou nesta Casa há 20 anos, sempre defendi meu povo, e agora sou envolvido nisso por causa de creches que consegui para a cidade?”, questionou, exibindo os projetos de duas creches que, segundo ele próprio, estão sendo feitas e doadas pelo megaempresário Ailton Caseiro.
Esse, aliás, foi o ‘X’ da questão da Operação Terra Roxa: vereadores e servidores públicos com supostos vínculos com Caseiro e as empresas dele do ramo imobiliário, que teriam agido na revisão da Planta Genérica de Valores (PGV), aprovada com votos decisivos da base aliada no final de 2023. Segundo o presidente da Câmara Maurílio Moretti, Caseiro e o sócio dele, Newton Fraschetti, atuavam como “uma organização criminosa” e não queriam a aprovação da revisão da PGV “para não pagar o valor correto do IPTU”.
Fábio Souza, também investigado e integrante da oposição, contestou dizendo que a nova PGV aumentou o valor do IPTU em praticamente todas as regiões da cidade e reduziu em outras poucas, entre as quais nos distritos industriais onde estão propriedades e empresas do prefeito Ivan Cassaro, que teria sido “o maior beneficiado”. O suplente Fábio Dornelles disse que é hora de “passar Jaú a limpo (…) e não passar a mão na cabeça de quem for culpado”, mas defendeu que todas as denúncias sobre loteamentos irregulares e clandestinos, falsificação de assinatura na prefeitura para aprovar loteamentos de aliados do prefeito e de irregularidades nos contratos milionários da Saúde sejam igualmente apuradas.
A sessão teve pouco mais de 3 horas de duração, quando, normalmente, costumava romper as 4 horas inicialmente previstas por causa dos debates acalorados entre oposição e governistas — no caso de hoje, também não teve Ordem do Dia. Tomaram posse no lugar dos vereadores afastados por causa da operação do Gaeco, os suplentes Fernando Barbieri (na vaga de Mateus Turini); Fábio Dornelles, o Fábio da Saúde (para o lugar de Borgo); e William Oliveira (que sucede Luiz Henrique Chupeta).
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