Desrespeito e perigo: gestão ineficaz leva prefeitura a usar caminhões basculantes na coleta do lixo

Resultado da negligência administrativa do governo Jorge Cassaro: coletor pendurado na caçamba de caminhão e outros fazendo malabarismos para arremessar sacos de lixo (FOTOS: Reprodução HORAH)

Empresa contratada para fornecer caminhões próprios para a coleta é a mesma desde 2021, que já teve contrato prorrogado algumas vezes e até reequilíbrio financeiro pago pelo Município; apesar dos problemas, proposta para investigar o lixo não consegue apoio na Câmara de Jaú

A Prefeitura de Jaú vem dando exemplos de desrespeito ao trabalhador e risco à integridade física dele por pura ineficácia na gestão do lixo urbano. A empresa contratada para fornecer 10 caminhões compactadores para a coleta e um de reserva, há mais de 70 dias está oscilando entre cinco e apenas um caminhão disponibilizado para o serviço por dia, o que levou a administração a suprir a necessidade com caminhões basculantes, absolutamente impróprios para esse tipo de trabalho.

Caminhão basculante descarregando lixo na área do transbordo, que virou lixão a céu aberto: crime ambiental gravíssimo (FOTO: Luizinho Andretto/Reprodução HoraH)

Com a carroceria muito alta, esses veículos exigem esforço dobrado dos coletores, que são servidores municipais, para jogar os sacos de lixo nas caçambas. Houve situações em que os trabalhadores precisaram subir em muros ou lixeiras de concreto para, de lá, arremessar sacos mais pesados para cima da caçamba do basculante. “É uma judiação o que está sendo feito com os coletores, que trabalham o dia inteiro e às vezes até a noite dessa maneira. Sem falar que eles não tem onde se segurar nesses caminhões, correndo risco de cair”, observou o vereador Luizinho Andretto, que acompanha tudo com muita preocupação. “No passado, tivemos acidente e morte de um coletor por causa disso”.

Simplesmente culpar a empresa terceirizada pelo não fornecimento da quantidade contratada de caminhões compactadores não justifica. A VFN Engenharia e Serviços chegou ao governo Jorge Ivan Cassaro por meio de um contrato emergencial no primeiro ano do mandato, sob o argumento da administração de que estava economizando R$ 70 mil mensais. Depois ela venceu licitação no valor de R$ 2,9 milhões; conseguiu um reequilíbrio financeiro no meio do contrato de mais R$ 438,2 mil; teve o contrato aditado (prorrogado) por mais um ano pelo valor de R$ 3,4 milhões; e outro aditamento, em vigor, de mais R$ 4,4 milhões.

Vereador Luizinho Andretto é autor de várias denúncias sobre o descaso com o lixo em Jaú (FOTO: Arquivo pessoal/Reprodução)

“Durante todo esse período houve apontamentos e notificações da prefeitura por descumprimento do contrato, mas sempre com prorrogações, até chegar na situação insustentável que estamos vendo hoje”, comentou Luizinho. O quadro piorou muito com a proximidade de mais uma licitação do setor, cujos envelopes devem ser abertos na 5.a feira 14, da qual a VFN não participa – lembrando que antes houve outra licitação que acabou em liminar judicial suspendendo os efeitos dela.

A mesma empresa da coleta que a gestão Jorge não conseguiu administrar, também já teve contrato para o transbordo lixo de Jaú para o aterro sanitário de Piratininga, região de Bauru. Esse contrato também foi prorrogado, teve reequilíbrio financeiro pago pelo município e acabou desfeito por não ser cumprido e deixar a área do transbordo com acúmulo de ao menos cinco mil toneladas de lixo.

“Por tudo isso é que decidi propor uma Comissão Especial de Inquérito para investigar o lixo em Jaú. A CEI do Lixo, como ficou conhecida, precisava de seis assinaturas para ser aberta na Câmara, mas só consegui o apoio de mais quatro vereadores, que são os da oposição: José Carlos Borgo, Mateus Turini, Luiz Henrique Chupeta e Fábio de Souza”, explicou Luizinho. Os outros 12 vereadores à Câmara se recusaram a assinar a proposta da CEI e fugiram à principal responsabilidade do cargo, que é a de fiscalizar os atos do Executivo, por mais evidente que os problemas estejam.

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