Impossível não pensar em fraude quando se analisa os anos de eleições no pequenino município de Uru, encravado na região de Pirajuí, a 90 km de Bauru. Em todos eles o número de eleitores cresce ‘milagrosamente’ em torno de 10% e, imediatamente após os pleitos, enxuga e volta ao patamar anterior. Em 2024 não foi diferente: até o final de abril, antes ainda do encerramento do prazo de transferências eleitorais, Uru contava com 1.602 eleitores cadastrados. Sabe quantos habitantes o município tem, segundo números oficiais do Censo 2022 do IBGE? Somente 1.387.
Esse efeito sanfona no eleitorado de Uru foi denunciado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) SP com pedido revisão do eleitorado municipal por suposta “fraude no alistamento” (situação prevista tanto no Código Eleitoral quanto na Resolução TSE nº 23.659/2021). “Informamos que relato foi encaminhado à Corregedoria Regional Eleitoral, bem como para o Cartório da 095ª Zona Eleitoral – Pirajuí para ciência e providências”, respondeu o SEI (Sistema Eletrônico de Informações do TRE), que registrou a denúncia em 27/5 sob o nº 0025370-74.2024.6.26.8095.
A representação cita que em anos eleitorais “já foram vistas vans transportando eleitores totalmente estranhos à comunidade” de Uru e que o ‘milagroso’ aumento de votantes é mais do que suficiente para influenciar no resultado de uma eleição na cidade. Para ter ideia, Robson Forte foi eleito prefeito em 2020 com 688 votos, apenas 16 a mais do que o oponente direto, Emerson Souza, que obteve 672 votos. E dando a nítida impressão de não querer deixar a reeleição escapar das mãos, antes adversários, agora Robson Forte e Emerson se juntaram.
Essa estranha mistura entre os políticos de Uru demonstra “notório acordo na tentativa de ‘garantir’ a reeleição do atual prefeito”, diz a representação ao TRE. A conclusão não é nada espantosa: se Uru tinha em janeiro deste ano 1.457 eleitores e agora está com mais de 1.600, esse salto de mais de 140 votantes representa 9,9% a mais no eleitorado. Coincidentemente, segundo HORAH apurou, já foi comprovado que parte desses novos eleitores uruenses veio de Pradínia, distrito de Pirajuí que fica a menos de 4 km de Uru, localidade em que o prefeito Robson Forte morou até os 25 anos de idade e onde possui parentes e largo círculo de amizades.
Por que o eleitorado de Uru passa por esse efeito sanfona em todo ano de eleição? O que desperta tanto o interesse das pessoas de outras localidades em ‘se mudar’ para Uru e transferir o domicílio logo depois da eleição? Onde essa gente mora, em que lugar trabalha? Para responder a essas perguntas e afastar qualquer possibilidade de fraude nas eleições deste ano, a denúncia pede que o TRE exija o comparecimento dos novos eleitores à Justiça Eleitoral para comprovar residência com data anterior a três meses, sob pena de indeferimento do alistamento eleitoral. Pior: se for comprovada a fraude, que sejam processados e punidos pela Justiça.
HORAH – A verdade dos fatos