Só faltava essa – COMUNIDADE SE REVOLTA COM PROPOSTA DE MULTISSERIAÇÃO ESCOLAR: “UM CRIME COM AS CRIANÇAS”

O prefeito Rafael e a secretária da Educação Daltira Tumolo: multisseriação é uma espécie de volta ao passado, rechaçada pela comunidade do Pouso Alegre (FOTO: Divulgação)

Recurso usado nas antigas escolas rurais ou em localidades marcadas pelo atraso, a multisseriação pode ser a ‘novidade’ da Educação em Jaú para 2020. Intenção do governo Rafael Agostini é repudiada pela comunidade do bairro de Pouso Alegre de Baixo, um centro gastronômico do município. A medida ‘coroaria’ o abandono do lugar, que apesar de ficar a apenas 7 km da cidade, até hoje é desprovido de serviço de telefonia celular ou mesmo de linha de ônibus urbano. A revolta dos moradores chama a atenção nas redes sociais.

ABSURDO – “Não vamos aceitar esse absurdo”, publicou a Associação LUTA, que denuncia “política de desmonte da Educação Pública” da atual administração municipal de Jaú. Professora Cristiane Bagnol disse ao HORAH que “é um crime impor que alunos de 3 anos façam as mesmas atividades que os alunos de 5, da mesma forma que também é uma negligência tremenda deixar de desenvolver as atividades que os alunos de 5 precisam”. A multisseriação, no caso, juntaria turmas de crianças de idades diferentes em uma mesma sala de aula, com um professor só.

Pais de crianças afetadas pela proposta retrógrada da multisseriação escolar fizeram abaixo-assinado: 90 adesões contra a medida (FOTO: Reprodução HoraH)

PREJUÍZOS – “É muito terrível a gente se deparar com esse tipo de economia em Educação, onde precisariam estar os investimentos”, acrescenta professora Cristiane. “Escola não é depósito e nossas crianças têm direito ao atendimento escolar decente”, dispara. Mãe de aluno, a jornalista Mônica Nubiato também critica a medida: “Estamos reivindicando outra solução, porque a multisseriação não é adequada, pode acarretar uma série de prejuízos presentes e futuros para as crianças”. A ideia proposta pelo governo é a de juntar 23 crianças no mesmo espaço – segundo as mães, uma “sala de 3 x 3 metros”.

Associação LUTA faz campanha nas redes sociais contra a junção de classes (FOTO: Reprodução HoraH)

SECRETÁRIA – Até o assunto ser apresentado no jornalístico HORAH da Rádio Piratininga, a secretária da Educação Daltira Pirágine Tumolo ainda não havia encontrado espaço na agenda para receber as mães. No mesmo dia, ela finalmente falou com a comunidade e prometeu buscar uma solução para o problema. “A secretária reconheceu que é possível reabrir a sala que fechou, mas exige para isso a matrícula de mais 3 alunos, como se as 23 crianças que lá estão não fossem merecedoras de uma professora para cada turma”, manifestou-se a Associação LUTA. Seja como for, a comunidade está empenhada em matricular mais alunos e evitar o retrocesso da multisseriação.

Vereador Chupeta, que representa a comunidade do Pouso Alegre, quer enviar relatório da situação ao Ministério da Educação e Tribunal de Contas (FOTO: Divulgação)

RELATÓRIO – “Não é só trabalhar sentado na secretaria, sem olhar o problema in loco. Entendo isso como falta de carinho e de responsabilidade, até”, avaliou Mônica Nubiato. Procurada pelo HORAH, a secretária atendeu e disse que vai se manifestar quando tiver uma definição para o caso de Pouso Alegre. Já o vereador Luiz Henrique Chupeta, que representa a comunidade local, falou que encaminhará um relatório da situação “ao Ministério da Educação e ao Tribunal de Contas em Bauru (que atende a região), para vir fazer uma fiscalização e dizer se isso é correto ou não”.

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