Vereadores de Itaju recorrem ao MP sobre possível fraude em licitação da limpeza pública

(FOTO: Reprodução web)

Cinco dos nove vereadores da Câmara Municipal de Itaju, região de Jaú, recorreram ao Ministério Público (MP) para obter detalhes da investigação sobre possível fraude em licitação que contratou a Latina Ambiental para serviços de limpeza pública na cidade, no ano passado. Ofício assinado pelos vereadores Paulo José Lopes Jr, Ivan Luís Angelo, Marcos Covre, Misael Ravaris e Clemente Colachitte Filho, datado de 25 de janeiro deste ano, foi encaminhado ao Promotor de Justiça do GAECO na comarca de Bariri, Nelson Febraio Jr, que está à frente das investigações.

Os vereadores alegam que o prefeito Jerri de Souza Neiva, o Jerri da Fátima, foi inconclusivo nas respostas ao Requerimento aprovado pela Câmara em novembro e respondido em 8 de dezembro de 2023. Jerri chegou a ser irônico sobre quem atendeu os telefonemas do dono da Latina, Paulo Ricardo Barboza, quando esteve em Itaju em 2 de fevereiro, data de elaboração do Termo de Referência para o edital de licitação da limpeza pública. “(…) a função de telefonista não faz parte da atribuição funcional de prefeito”, respondeu.

Parte da resposta do prefeito Jerri à Câmara Municipal, com ironia sobre quem teria atendido telefonemas do dono da Latina à Prefeitura (FOTO: Reprodução documento oficial)

Na ocasião, Paulo Ricardo fez duas ligações para o telefone fixo da Prefeitura de Itaju: o primeiro, das 11h36 às 11h54 (“Quando a maioria dos funcionários está em horário de almoço”, advertem os vereadores no ofício ao MP), e o segundo, das 16h19 às 16h22. “Com quem ele falou ao telefone?”, perguntam os vereadores ao promotor Febraio Jr, questionando ainda se já houve instauração de procedimentos investigatórios envolvendo a prefeitura e o prefeito, se o empresário teve “algum tipo de contato com o prefeito antes do dia da licitação” e se o MP já apurou do que se trata a anotação de R$ 5 mil na agenda de Paulo Ricardo, apreendida em operação policial na sede da Latina em Limeira, com data de 21/6/23 e destaque para a referência ‘Itaju’.

Na resposta ao Requerimento dos vereadores sobre essa anotação, Jerri afirma que “nem a prefeitura e nem o chefe do Executivo figuram em autos processuais, então não possuem acesso a elementos materiais ali anexados”, e que esse fato “deve ser esclarecido nos autos pela defesa da empresa (Latina) e pelo setor de contabilidade dela”. Do mais, o prefeito nega conhecimento sobre possíveis investigações, diz que soube dos fatos “pela imprensa” e que não pode afirmar se Paulo Ricardo esteve na prefeitura no dia da licitação, visto que “a agenda (do Gabinete) foi apreendida pelo GAECO” e que sem ela não tem controle sobre quem passa por lá, já que trabalha “de portas abertas e atende todas as pessoas”.

Ao HORAH, por e-mail, a assessoria de imprensa do MP-SP informou recentemente que “as investigações prosseguem”, mas que não pode dar detalhes porque o caso de Itaju está sob segredo de Justiça. A Latina, que venceu a licitação da limpeza em Itaju, é a mesma empresa que ganhou também o serviço na Prefeitura de Bariri, onde o GAECO apontou fraude e direcionamento do processo licitatório, corrupção com pagamento de propina inclusive ao então prefeito Abelardinho Simões (cassado, depois, pela Câmara), formação de quadrilha e outros crimes. O dono da Latina está preso desde agosto/23 e delatou o esquema das licitações fraudulentas ao MP.

Ofício dos vereadores ao Promotor de Justiça do GAECO, que está à frente das investigações (FOTO: Reprodução documento oficial)

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