Construtora e Prefeitura de Jaú ficaram sem saída após enrolação ser denunciada na imprensa e Câmara
Entrega de casa sem o manjado esquema caça-voto não vale, ao menos na cabeça dos politiqueiros de plantão. Pois é justamente isso o que parece que estava armado para os compradores – e não contemplados – dos condomínios residenciais Dr. Gilberto Griso (196 moradias), José Perez (149) e Pedro Ferreira de Almeida (186), no extremo Norte de Jaú. A pandemia do coronavírus melou a politicagem na entrega das chaves em 28/3, primeira data marcada para o ‘faz-de-conta’ da bondade administrativa jauense.
DRIVE-THRU – Com a quarentena proibindo aglomerações, a festança que serviria de isca eleitoral esperou longos 75 dias, até ser trocada por um evento bem mais humildezinho no dia 12. A saída será entregar as chaves no sistema drive-thru, individualmente. Algum altruísmo nisso? Não. É que só agora os condomínios foram de fato concluídos, com ligações de luz, água e registro em cartório. “Dia 28 de março eles iam entregar as casas no atropelo, com os condomínios inacabados”, comentou Júnior Missaci, síndico de um desses residenciais, em publicação no Facebook a que HORAH teve acesso. Ou seja, a politicagem estava mesmo armada naquela época.
PROVEITO POLÍTICO – Mas nem evidências tão flagrantes desanimam caçadores de votos, como parece ser o advogado, ex-secretário de Habitação e pré-candidato a prefeito Giuliano Griso. Coube a ele divulgar na conta pessoal do Facebook a entrega dos condomínios, explicando que o drive-thru das chaves será “com horário específico” para cada residencial. Teoricamente sem festa, mas não sem proveito político: “Com muita alegria, informo que a Ecovita Construtora e a Secretaria de Habitação vão entregar (…) 531 residências” no dia 12, escreveu, como se fosse o mocinho dessa novela. E ele ainda agradeceu o empenho para isso acontecer “o mais rápido possível”.
PROTESTOS – A enrolação causou protestos e chegou à Câmara Municipal. Procurado por mutuários, o vereador Tuco Bauab denunciou a politicagem, requereu explicações oficiais e levou o escândalo à imprensa. A pressão foi tanta que não restou outra saída senão entregar os residenciais sem a pretendida festança política. “Estou feliz porque nosso trabalho deu resultado e os compradores finalmente poderão se mudar para suas tão sonhadas casas próprias. Muitos deles entregaram as casas alugadas e estavam morando de favor com parentes, depois que a entrega foi marcada para 28 de março, e cancelada”, comentou Tuco. Ao menos uma vez, o bom senso venceu a politicagem descarada.
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